Dispersão


Disperso...Me fragmento entre restos de estrelas e o pó nos cantos da casa. Na delgada teia de aranha me balanço com o vento. Uma nuvem franzina me leva de encontro a lua. Meu coração viaja pelo corpo. As vezes pulsa nas pontas dos dedos, outras vezes salta em minha orelha esquerda, explode em meu abdômen, desce para meu sexo e acorda meu corpo inerte. Meu coração se perde pelo caminho. Presta atenção em tantas coisas en
quanto a intangível marcha se mantém. Meu corpo, então, se contorce, puxa–o por suas artérias deixando um rastro de um sangue estuoso e denso. Meu coração não quer parar. Não quer a morte. Quer ligar-se a vida. Quer saber mais uma vez aquilo que chamam de amor e que sempre se esquece. E viaja pelo corpo que se encontra disperso, espalhado entre restos de estrelas e o pó no canto da casa. No amontoado de roupas sujas protejo-me das batalhas.. No cheiro de livros velhos intuo o perfume das musas. No teto salpicado de mofo avisto toda a via-láctea. Num quarto quase escuro um oceano ainda palpita. Palpita. Meu coração balança.. É tempestade no mar de seu sangue estuoso e denso. A âncora de meus olhos se solta do chão. As raízes se desgarram dos pés. As folhas se despedem de meus dedos dançando no vento morno de minha respiração.Meu corpo transborda. Os restos de estrelas e o pó nos cantos da casa se diluem nisso que chamo de amor e que nunca me esqueço. Meu coração se vai. Escorre nessa mistura de vertigem e sonho que é teu corpo. Se reúne inteiro dentro de ti. Meu corpo também te guarda nesses breves minutos depois de explodirmos e antes que nos dispersemos entre restos de estrelas e o pó nos canto da casa.

1 comentários:

Anônimo disse...

"Não quer a morte. Quer ligar-se a vida. Quer saber mais uma vez aquilo que chamam de amor e que sempre se esquece. E viaja pelo corpo que se encontra disperso, espalhado entre restos de estrelas e o pó no canto da casa." E o entusiasmo faz querer, e criar.

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Mais um blog, mais um dia... Preciso explicar o que me vem a ser um dia, para que talvez nos entendamos. Um dia não tem 24 horas. Nem é possível mensurá-lo, ainda que nele haja tempo. Um dia pode durar uma semana, um ano ou um mês. As vezes, um dia, dura toda uma vida. Um dia é todo instante em que o tempo se marca dentro de nós, ou fora. Um dia é toda vez que fisgamos o tempo antes dele se soltar do anzol. Um dia é toda vez que somos fisgados pelo tempo antes de nos soltarmos. Um dia é quando se percebe que o tempo existe, ainda que nem mesmo vejamos sua passagem, intangível. Quanto tempo durou meu último dia? Não sei dizer. Acho que durou uns beijos, alguns abraços e uma volta feliz para casa. Durou alguns segundos antes que eu adormecesse. Durou o sorriso que dei assim que acordei. Já tive dias que duraram meses... Em que o tempo se marcava entre as escovações de dentes necessárias e o banho que se havia de tomar... Então esse é meu blog. Se gostaram, não esperem o que haverá de novo, amanhã. Tudo dependerá da duração do dia.

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