Carcaça



Se eu pudesse encolher meu corpo
não ser mais matéria
Ser apenas lembrança boa
de amigo morto
Estaria vivo e talvez
existiria

Também gosto da carne
Não tenho como cortá-la
não sou um velho que perdeu os dentes
Ainda sou jovem
minha carne é mais fraca que outras
não cedem suas fibras a minha escassez.

Sigo faminto.
Tento me devorar.
O que eu tenho é suficiente.
Para seguir faminto.

Do alto, os urubus invejam
Planando em círculos
A carne que apodrecerá
Eu passo ileso aos seus olhos ávidos
Com minha carcaça ambulante.

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Mais um blog, mais um dia... Preciso explicar o que me vem a ser um dia, para que talvez nos entendamos. Um dia não tem 24 horas. Nem é possível mensurá-lo, ainda que nele haja tempo. Um dia pode durar uma semana, um ano ou um mês. As vezes, um dia, dura toda uma vida. Um dia é todo instante em que o tempo se marca dentro de nós, ou fora. Um dia é toda vez que fisgamos o tempo antes dele se soltar do anzol. Um dia é toda vez que somos fisgados pelo tempo antes de nos soltarmos. Um dia é quando se percebe que o tempo existe, ainda que nem mesmo vejamos sua passagem, intangível. Quanto tempo durou meu último dia? Não sei dizer. Acho que durou uns beijos, alguns abraços e uma volta feliz para casa. Durou alguns segundos antes que eu adormecesse. Durou o sorriso que dei assim que acordei. Já tive dias que duraram meses... Em que o tempo se marcava entre as escovações de dentes necessárias e o banho que se havia de tomar... Então esse é meu blog. Se gostaram, não esperem o que haverá de novo, amanhã. Tudo dependerá da duração do dia.

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